Às vezes fico a pensar mas que raio de pessoa sou eu?
Como posso estar a pensar em fazer coisas que me dão prazer e ter prazer em falar e conviver e rir e ler e ver televisão e levantar-me daqui para ir mudar o cd e sair de casa e comprar livros e bandas desenhadas e estudar e escrever sobre assuntos que há meia dúzia de meses nem sabia que se estudavam... um sem fim de questões que me povoam os pensamentos e que muitas vezes estando eu bem, sim, admito que me sinto bem, acabam por me deixar a pensar e deixo de estar bem.
Não era suposto eu estar triste e em depressão?
Não é isso que todos esperam de mim?
Então?
Sou um monstro?
(sinto-me culpada)
2 comentários:
[é uma arte! difícil e sublime, a arte de sentir a culpa [ou não fosse o nosso, um mundo com um longo historial na matéria]]
um imenso abraço,
uma óptima semana e um melhor mês
Leonardo B.
Deveria ter chamado a este post " Lena, já tomaste os comprimidos?", porque é isso que todos pensam de mim. Que atendendo às circunstâncias da vida, que agora aqui não interessam para nada, ou afinal é só sobre isso que eu falo e mesmo quando não falo sou reflexo delas (isto agora ficou confuso, talvez...) dizia eu, que atendendo às circunstâncias da minha vida eu só poderei andar em pé e ir trabalhar todos os dias se andasse cheia de anti-depressivos.
Ora eu não tomo comprimidos. Só quando me dói muito a cabeça.
Eu percebo o que quer dizer com isso do sentir a culpa, mas para os outros (lá fora) é que é difícil entender que eu me sinta mal e ria, ou que não ande a chorar pelos cantos, ou que não me vista de preto, ou que ande cabisbaixa..
E eu, como não sou de pedra, apercebo-me e deixo de me sentir bem, ou mais ou menos bem, porque parece que se não andar triste, ou se não mostrar a minha tristeza, sou insensível... fria... sem sentimentos...
O que deve mostrar uma mãe a quem lhe tiraram os filhos?
Rasgo-me?
Bato-me?
Tenho pena de mim?
Não é nada disso que sinto.
sinto é uma tristeza enorme por eles. Porque os olhos deles e até já as palavras me dizem que não são felizes.
E isso era só o que eu queria: que eles fossem felizes.
Mas não são...
Eu sinto culpa mas é injusto. Como posso sentir culpa de estar bem comigo mesma
Não tenho que ser a norma, mas no entanto vivo nela e não consigo viver isolada. Afinal sou um ser humano logo sou um ser social.
Não tenho como fugir a isso. Nem quero.
Desculpe. Isto não é uma resposta. Saiu-me...
Enviar um comentário